quinta-feira, 16 de maio de 2019

10 razões para George ser seu Beatle favorito

Diga-me quem é seu Beatle favorito e direi quem és. George Harrison e Ringo Starr são as escolhas menos óbvias, claro. Ringo era o engraçado, o feioso simpático, o carente, que precisava de uma ajudinha dos amigos. Já com George, a coisa complica.

Se ele não era o músico de talento sinfônico e rosto de querubim, como o Paul, nem o gênio de humor ácido e transgressivo como o John, tinha qualidades que muitas vezes superavam a de seus parceiros – principalmente se considerarmos suas carreiras-solo.

1- Era o mais cool, o silencioso, aquele cuja expressão denotava mistério e uma modéstia não isenta de ironia. Para muitas fãs era o mais bonito. E era o Beatle de humor mais fino, britânico. Quando policiais deram uma batida na sua casa, sua reação, extra-cool, foi essa: “Sou um cara organizado: guardo as meias na gaveta de meias e as drogas na gaveta de drogas”.

2- Foi o autor da primeira música gravada pelos Fab Four, um exercício instrumental chamado “Cry for a Shadow”, e  também da última: a sintomática “I me mine”

3- Aprendeu cítara sozinho, na marra (e depois se aprofundou no instrumento com Ravi Shankar). O uso da cítara em Norwegian Wood e Within you, without you foi decisivo para popularizar a cultura oriental no ocidente, assim como sua devoção à filosofia indiana

4- É dele a primeira faixa do melhor disco dos Beatles, “Revolver”. A música é Taxman. Ah, é dele também Here comes the sun, While my guitar gently weeps e Something…

5- Era amigo de grandes comediantes, como Peter Sellers e o pessoal do Monthy Python, de quem foi produtor em A Vida de Brian

6- Foi organizador do primeiro concerto beneficente da história, o Concert for Bangladesh, atitude que depois seria imitada por deus e o mundo (mais o mundo do que deus)

7- Lançou o primeiro álbum triplo de um artista solo, o brilhante All things must pass, logo depois do fim dos Beatles, e provavelmente o único triplo a atingir o primeiro lugar das paradas, tanto nos EUA quanto na Inglaterra

8- Era especialista em jardinagem zen ao mesmo tempo em que frequentava os boxes da Fórmula 1

9- Participou de um dos mais divertidos supergrupos da musica pop, os Travelling Willburys, com Bob Dylan, Tom Petty e o lendário Roy Orbinson

10- Gravou um grande disco já com o câncer que o mataria pouco depois bem avançado, Brainwashed, com a ajuda do filho único Dhani, mostrando serenidade até o fim.

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Enigmas espirituais da genialidade de um beatle

Um dos elementos fundamentais para entender a história dos Beatles é a espiritualidade de George Harrison. Pelo menos é o que garante o historiador e escritor norte-americano Joshua M. Greene. É ele quem toca numa questão emblemática para os Fab Four de forma inédita, com a biografia “Here Comes the Sun – A Jornada Espiritual e Musical de George Harrison” (Coletivo Editorial), recém-lançada em português, com evento de divulgação realizado hoje, na Livraria Ouvidor.

Apesar de ser de conhecimento público que o guitarrista George Harrison contribuiu significativamente para a difusão da música indiana – sendo o primeiro músico a inserir um instrumento da Índia (sitar) na música pop, com a canção “Norwegian Wood” –, até então as influências espirituais do beatle tinham sido pouco exploradas. Inclusive em publicação anterior similar, “A Biografia Espiritual de George Harrison”, escrita por Gary Tillery em 2012, que chegou a ser criticado pelo conteúdo raso de suas 200 páginas – sem qualquer novidade substancial.

Ao contrário disso, a publicação de Greene, abastecida por nada menos do que 416 páginas, reúne fotografia raras e histórias inéditas de George com músicos como Bob Dylan, Eric Clapton e Elvis Presley, além de descrições detalhadas de seus encontros com líderes espirituais, como sua amizade com Ravi Shankar, lenda da música indiana, que lhe mostrou a ligação harmoniosa entre música e espírito.

No decorrer das histórias, Greene tem uma preferência por focar a fase final de George com os Beatles e, posteriormente, em sua carreira solo, revelando como grandes sucessos dele, como “Something”, “Here Comes the Sun” e “My Sweet Lord” estavam contaminados pelas relações espirituais do guitarrista.

“Ele se tornou rico e famoso além da conta aos 23 anos e teve muitas experiências profundas nesse curto período. Sua vida foi compactada. Ele tinha tudo que valia a pena ter, já havia se encontrado com todos que queria, mas teve uma inteligência inata para saber que ‘há algo mais’ na vida do que apenas curtir”, diz Greene, em entrevista à Coletivo Editorial.

Entre vários detalhes, o livro revela como o compromisso espiritual do beatle conhecido como o mais tímido dos quatro garotos de Liverpool o levou a organizar o famoso “Concert for Bangladesh”, em 1971, o primeiro grande show beneficente da história do rock, além de um disco apenas com mantras em sânscrito, gravado ao lado dos primeiros devotos Hare Krishnas ocidentais.

terça-feira, 7 de maio de 2019

A genialidade do Beatle quieto, George Harrison


George Harrison era filho de Mercúrio, seu Almuten. Localizado no ponto mais “profundo” de seu mapa a 11º de Aquário. Este mesmo Aquário abria a casa 4, aquela que está enterrada nas profundezas do nosso Vir-a-Ser. A aparente mudez do músico não se dá apenas por este aspecto, mas também pela Lua em Escorpião na casa 1 e Saturno em Gêmeos na casa 8. Independente da maneira, Harrison era um “mensageiro”. E um aficionado por carros velozes. Ah, Mercúrio!

 
 A mudez de Harrison era apenas “aparente”. Com Ascendente em Libra e disposto pela Vênus em Áries, sua fala musical era direta e concisa. As letras de Harrison não faziam rodeios. Os solos de guitarra eram precisos, cirúrgicos. Musicalidade que não anulou a sua densa trajetória espiritual. Talvez o aspecto mais conhecido do músico.
 
 Ainda sobre letras e Vênus em Áries com o Sol em Peixes/Ascendente em Libra: percebemos a configuração no olhar fixo, apaixonado e obcecado do amante em “Something”. Mesma combinação que motivou George a pedir Pattie Boyd em casamento nos primeiros encontros e que promoveu aventuras amorosas diversas, inclusive com a esposa de Ringo Starr. “You’re asking me will my love grow, I don’t know, I don’t know”. Amor carnal, visceral.
 
 Harrison foi um mudo-rebelde. “Nem tudo são flores”. Cedo, se recusou a estudar em um curso de música que limitava os estudantes. No Beatles viveu um intenso conflito diante da dominação Paul/John (abandonando o grupo em seu Retorno de Saturno!). Em carreira solo, foi atacado ferozmente por críticos. Próximo ao fim da vida, foi literalmente atacado por um fã com uma faca de cozinha. Lua em Escorpião. Harrison também se intoxicava constantemente, tanto por meio de drogas, quanto por sentimentos. Uma bomba-relógio balizada por configurações celestes que freavam sua ruptura a todo o momento.
 
 O sustentáculo de George foi seu Júpiter em Câncer na casa 9. Conjunta à estrela fixa Canopus. “Nem tudo são dores”. Harrison alcança sua maior fertilidade dentro da “casa de Deus”. Em suas experiências de LSD, em suas viagens, leituras aprofundadas do Bhagavad-Gita. Harrison buscou “Deus”. A estrela fixa firma o sucesso de seus empreendimentos, mesmo que tensionado por um realista Marte em Capricórnio e pelos atropelos das asas de seu Saturno em Gêmeos. “I really want to see you Lord, but it takes so long”.
 
 Sua noção de “humanidade” e de “espiritualidade” atritavam com sua própria projeção na — considerada por muitos — banda de maior sucesso da história da música (Meio-Céu em Leão).Foi defensor da igualdade de liberdade dentro de uma composição musical. Anti-frontmans. Defensor da quebra de fronteiras entre música “ocidental”/“oriental”. Adota a guitarra elétrica e o sitar. Fala de Filosofia Ocidental e Tao Te Ching. Louva o Senhor por meio de mantras. Ah, Mercúrio em Aquário!
 
 Por fim, não se esqueça, George anunciou o fato mais primordial da existência humana: tudo se transforma.
 
 “All things must pass
 None of life’s strings can last
 So, I must be on my way
 And face another day”.

sexta-feira, 3 de maio de 2019

Here Comes The Sun - A jornada espiritual e musical de George Harrison

Dentro da mítica sobre os Beatles, cada um deles foi rotulado conforme suas personalidades, John era o intelectual, cínico e irreverente; Paul o bom moço, jovial e cativante; Ringo o afetuoso, engraçado e tranquilo; George era o Beatle-calado, sério e místico. Nas centenas de biografias já lançadas até hoje sobre a banda ou sobre cada membro, nuances dessas idiossincrasias foram discutidas e reveladas a exaustão, na sua maioria de forma superficial, reforçando mais o mito do que revelando o ser humano.

O Misticismo e a devoção de George Harrison sobre as filosofias religiosas da Índia, sempre foram tratadas e vistas pela grande maioria como uma excentricidade beirando o fanatismo de George, que com sua postura low profile e distância que mantinha do mundo das celebridades só ajudava a manter o mito. Para melhor explicar e se possível “desmistificar” a espiritualidade de George chega ao Brasil o livro “Here coms The Sun - A Jornada Espiritual e Musical de George Harrison” do escritor e roteirista Joshua M. Greene.

Greene leciona no departamento de religião da Hofstra University de Hempstead, Nova Iorque e durante treze anos frequentou ativamente vários templos hindus na Europa, em 1969 conheceu George durante a gravação do álbum “The Radha Krsna Temple” com os membros da Sociedade Internacional para a Conscientização de Krishna (ISKCON), no qual tocou um harmônio no álbum. Para o livro Greene entrevistou músicos, familiares e vários devotos de Krishna que conviveram com George durante seu período de maior fervor religioso.

O Livro concentra mais atenção no período de meados dos anos 60, quando George começou a se interessar pela música indiana e o início de sua amizade com o mestre Ravi Shankar, passando pelo envolvimento com o Maharishi Mahesh Yogi, o encontro do sucesso individual como compositor e o envolvimento humanitário do “Concerto para Bangladesh”, até meados dos anos 70, logo após o lançamento do álbum “Dark Horse” e sua curta turnê de divulgação, e também os momentos finais de George.

Um aviso deve ser dado aos mais desavisados, esse livro não é uma biografia “normal” do beatle George Harrison, como o próprio título resalta, trata-se principalmente e quase que exclusivamente da jornada espiritual que o homem George Harrison percorreu do seu nascimento a morte. Os fatos históricos na vida de George, como o surgimento, sucesso e o fim dos Beatles, assim como sua carreira solo são relatados de forma a contextualizar a busca religiosa e filosófica de George, tudo isso influenciado diretamente a sua maneira de ver o mundo e também a sua música.

Por se tratar de um livro dessa natureza, alguns equívocos cronológicos são encontrados no decorrer das quatrocentas e dezesseis páginas do livro, nada que deprecie o livro ou mesmo atrapalhe a leitura e a compreensão do estado emocional, filosófico e espiritual pelo qual George se encontrava. Greene consegue de forma simples, às vezes até um pouco meio doutrinária, passar os conceitos religiosos hindus para aqueles que desconhecem as filosofias orientais ao mesmo tempo em que relata a jornada de George.

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